EDITORIAL | SETEMBRO 2020

Continuamos a viver afetados pela crise sanitária que nos aflige desde o mês de fevereiro. O número de vítimas do COVID-19 já ultrapassa os 123.000 mortos em todo o país, sem que o Governo Federal tenha se pronunciado oficialmente em solidariedade às famílias, que perderam seus entes queridos. Lamentavelmente, a desatenção criminosa do governo, espalhando falsas soluções e estimulando aglomerações continua pelo sexto mês consecutivo, assinalando um total desconhecimento do seu dever constitucional, que é o de proteger a vida dos cidadãos e cidadãs.

No campo da política, continuamos vendo espalharem-se notícias falsas e expressões intolerantes contra todos aqueles que pensam diferentemente da ideologia oficial. Este mês, graças ao trabalho de investigação jornalística, soubemos da constituição, no âmbito do Ministério da Justiça, de dossiês com nomes, fotos e endereços domiciliares de integrantes de grupos que se auto denominam como “antifascistas”. Esta atitude, repudiada pelo Legislativo e Judiciário, mostra que não está abandonado o sonho de se constituir, no âmbito do Governo Federal, uma “ABIN paralela”.

Nós, do Núcleo Memória, da mesma forma que expressamos a nossa solidariedade e afeto a todos os familiares e vítimas do Covid-19, repudiamos fortemente mais esta violação à privacidade e à liberdade de expressão, assim como as violências policiais que continuam ocorrendo principalmente nas zonas periféricas das grandes cidades, tendo como alvo a população negra e pobre, causando um recorde de mortes este ano.

No mês que se encerrou, demos nossa contribuição para a consolidação de valores democráticos promovendo e participando de debates virtuais sobre a violação dos Direitos Humanos ontem e hoje e sobre a participação da sociedade civil na pandemia e seus efeitos.

Também iniciamos durante este mês um ciclo de “Lives” para promover, de forma virtual, o conhecimento a respeito de diferentes Lugares de Memória do país que ainda são desconhecidos da sociedade. Esperamos, assim, continuar na nossa missão de resgatar o conhecimento a respeito das violências do passado para construirmos um futuro melhor para o Brasil, no qual a verdade, o respeito, a dignidade, a tolerância e a igualdade sejam valores fundamentais.

Boa Leitura!